O Fly Fishing  

O Fly Fishing é uma das práticas de pesca mais antigas do mundo. No entanto, até mesmo nos dias de hoje, a prática é totalmente atual e avançada.

A seguir, para entender como ela chegou no patamar que está, vamos falar um pouco sobre sua história, para que, logo em seguida, possamos falar propriamente sobre ela.

A história do Fly Fishing 

Não se sabe ao certo quando a pesca começou, mas há indícios que apontam que a sua origem remonta há cerca de 40.000 anos antes de Cristo. Os egípcios já conheciam muito bem a atividade da pesca, pode-se encontrar até mesmo ilustrações feitas por eles de 4.000  A.C mostrando como eles pescavam com varas e anzóis.

A prática da pesca, além de ser um meio de alimentação, também era usada de maneira esportiva por reis, nobres e plebeus. No museu no Cairo há vários objetos relacionados a pesca que mostra como eles se sofisticaram nessa prática.

Em 200 A.C, os chineses implantaram os anzóis de metal (que seriam feitos na Europas apenas 300 anos depois) e as linhas de seda. Enquanto que por volta da mesma época os macedônios passaram a utilizar iscas artificiais feitas de pêlos e penas que imitavam uma mosca da região.

Na américa do sul pré-colombiana também podemos encontrar pinturas do povo de Moche pescando em cima de juntos como uma atividade de subsistência. E na Amazônia os índios praticavam a modalidade de pesca chamada “pinda siririca”, pois suas varas eram feitas de madeira de pindaíba, a linha de tucum, e a isca de osso ou madeira. Eles tinham uma técnica muito interessante de recolher a isca com toques, imitando um peixe fugindo.

O surgimento da Fly Fishing

A partir do século XIII, nos reinos germânicos, há vários relatos na literatura sobre pesca com mosca, alguns descrevendo mais de 10 tipos de moscas para pescar trutas, bagres salmão e outros peixes.

Um dos registros mais significativos foi feito pela dama Juliana Berners, abadessa do convento beneditino em Sopwell, em que ela ensina vários passatempos para a nobreza, incluindo a pesca com mosca.

Os escritos de Juliana influenciaram toda a pesca esportiva. A partir de então, os esportistas tinham que fazer as próprias varas, linhas e iscas, e a dificuldade valoriza ainda mais a pescaria.

Juliana também estudou a regularidade sazonal dos insetos de rios e lagos. Ela concluiu que os peixes escolhiam suas presas baseados na sua disponibilidade, então, em cada mês eles consumiam mais moscas diferentes.

Contudo, os ensinamentos de Juliana não eram absolutos em toda a Europa, pois os espanhóis desenvolveram um tratado da pesca falando sobre métodos de pesca e preparação de atado que eram próprios deles.

No século XVII, a Inglaterra se tornou o centro da pesca esportiva e com mosca. Foram eles que estabeleceram os conceitos de “casting”, carretilhas, atado das moscas, etc. Assim como Juliana, os ingleses ressaltaram que a pesca esportiva era importante para o desenvolvimento pessoal e deveria ser feita em consonância com a natureza.

O desenvolvimento do pescador completo

Em 1653, Izaak Walton publicou o famoso livro chamado “ O pescador completo - A recreação do homem contemplativo”, que, através de dois personagens, um pescador e um caçador, mostrava como era a pesca naquela época, citando mais de 12 tipos de moscas, hábitos alimentares de peixes, formas de cozinhar e servir, e enfatizando que a pesca era propriamente para diversão.

O livro foi considerado um guia completo da pesca, e teve mais de 400 edições, sendo considerado um clássico da pesca. Em 1676, Charles Cotton ampliou o livro para que tivesse uma seção completa sobre pesca com mosca, com mais de 65 moscas listadas para a pesca da truta.  Ele listou padrões de insetos de várias regiões, aumentando muito a sofisticação da pesca com mosca.

O primeiro livro exclusivo para tratar o assunto do atado foi lançado em 1747, chamado A Arte da pesca com vara, escrito por Richard Bowlker. O livro enumerava uma lista de moscas e explicava seu uso. O livro fez tanto sucesso que o filho de Richard, Charles Bowlker, fez mais 16 edições dele até 1854.

Revolução industrial e a pesca com mosca

As varas usadas nessa época eram muito longas, chegando de 3 a 5 metros. A ponteira das varas mais longas, usadas para a pesca de salmão, passou a ser revestida de bambu. Com a revolução industrial, os pescadores deixaram de trançar as próprias linhas, que passaram a ser produzidas pelas fábricas. 

As carretilhas, de bronze pesado e frágil, eram usadas para o armazenamento da linha, porque elas ainda eram muito fracas. Os pescadores da época eram obrigados a usar a técnica de cansar os peixes, dispondo apenas da capacidade de flexão da vara, com uma linha que poderia se partir a qualquer momento. 

As moscas, que eram atadas pelos pescadores, passaram a ser compradas por eles em lojas. Nesta época surgiram muitas lojas com produtos para pescadores.

Na Inglaterra, no século XIX, os clubes de pesca foram criados, e a pesca com mosca seca passou a ser o único método aceito pela elite daquela época. Contudo, nada impedia o uso das moscas molhadas, que também eram amplamente usadas.

Com a colonização do continente norte-americano pela Inglaterra, a pesca com mosca também se popularizou no continente, que, devido ao espírito da liberdade, não tinha diferenciação elitista sobre a pesca com mosca seca ou molhada.

Durante o século XIX nos Estados Unidos, houveram muitas mudanças nos materiais da pesca: As varas tendem a se tornarem menores, novas varas foram feitas com tiras de bambu (mais resistentes e flexíveis), as carretilhas passaram a ter uma maior qualidade com seus novos desenhos e as linhas de seda oleosa foram introduzidas no mercado.

Com a evolução do material da pesca, a pesca com mosca se tornou uma verdadeira ciência, com livros focados no ciclo dos insetos e descrições precisas sobre cada um. E até hoje evolui cada vez mais, fazendo história com novos estudos que guiam a prática dos pescadores.

Principais técnicas

Pesca com Mosca Seca: Mais popular método que usa uma isca (a mosca), que imita insetos na superfície da água, como gafanhotos, libélulas, borboletas, formigas de asa, etc. Normalmente a isca é deixada corredeira abaixo.

Pesca com Ninfa: Imita insetos aquáticos como camarõezinhos, vermes, sanguessugas de forma imatura.  São lançadas ao rio e deixadas de modo natural rio abaixo, o mais próximo do fundo que for possível.

Pesca com Streamers: Imita um pequeno peixe, que pode sr puxado aos toques, se assemelhando a um peixe ferido ou mais rapidamente como um peixe filhote comum.
Equipamentos utilizados

No Fly Fishing, o equipamento deve ser pensado de acordo com o peixe a ser pescado. Como vimos na parte histórica, é muito importante que se use a mosca certa para o peixe certo. 

Os equipamentos principais do Fly Fishing são:

Vara

Normalmente de tamanho variando de 6 pés (1,80m) a mais de 15 pés (4,50m), finas e flexíveis, como carretilha fixada na extremidade do cabo. Podem ser inteiriças ou, para facilitar o transporte, divididas em até 8 partes. As também procuradas Spey ou Switch Rods, são varas de duas mãos, que precisam de uma técnica diferente de arremesso.

Linhas 

As linhas mais comuns do Fly Fishing são chamadas de Weight Forward (Peso à Frente), sendo cônicas, mais grossas e pesadas, com o objetivo de facilitar o arremesso. A Double Taper (Dupla Conicidade) também é muito utilizada, pelo seu diâmetro contínuo e ambas extremidades igualmente mais finas.

Elas podem ter densidades diferentes, sendo que isso determinará se são flutuantes (F = Floating), afundantes (S = Sinking) ou intermediárias (I = Intermediate).

Carretilhas

As carretinhas do Fly Fishing não influenciam diretamente no lançamento e nem para recolher linha. Ela é mais utilizada para armazenar a linha principal e o backing, servindo também para frear a linha quando se luta com peixes grandes, dando muito mais conforto na hora da pesca. Então, as melhores carretilhas para Fly Fishing são aquelas com um ótimo freio e carretel largo.

Iscas

As iscas de Fly Fishing as Moscas (Flies) tentam se assemelhar a insetos na água. Existem vários tipos delas, que podem ser customizadas à vontade. O pescador, se quiser, também pode confeccionar a própria isca. 

Elas geralmente são classificadas como:

DIVERS, POPPERS e HAIR BUGS: Moscas de superfície que provocam os predadores.

NINFAS e WET:  Ficam no meio da água ou no fundo, imitando insetos em diversas fases da vida.

SALTWATER: Moscas que pescam em água salgada.

SECAS: Moscas que flutuam e imitam insetos ou frutos.

STREAMERS: Imitam peixinhos forrageiros e crustáceos.

TERRESTRIAIS: Abarca todos os alimentos originados da terra, como besouros, gafanhotos, minhocas e até ratos.

Materiais utilizados na construção de mosca

Morsa (Vise): Possui a função de segurar firme o anzol, para que nele possam ser atados em materiais de confecção da mosca. Há várias variedades de morsas, como também uma vasta gama de preços e marcas.

Bobina (Bobbin): Ferramenta em que o carretel de linha para atar as moscas é colocado. Há diversos tipos e tamanhos, com ponteira com anel de cerâmica, anel de rubi, ponteira de cerâmica e ponteira metálica. As ponteiras de cerâmica, com anel de cerâmica ou anel de rubi, fazem uma alta redução do atrito na saída da linha evitando que ela se rompa. 

Bodkin: utilizado para passar cola nas diversas fases de construção da mosca, bem como um ótimo auxiliador para desembaraçar pêlos, na confecção de nós, na separação de asas, materiais, etc. 

Tesoura: são normalmente específicas para o atado, existem diversos tipos: reta, curva, serrilhada ou não, para palma da mão entre outras.

Edgin Sidewinder Bobbin: é um tipo de bobina, mais específica para floos e tínsels em geral.

Whip Finisher: ferramenta utilizada para fazer nós nas diversas etapas de confecção da mosca, bem como o nó final.

Hackle Guard: tem a finalidade de proteger, ou literalmente, tirar do caminho, materiais como por exemplo as cerdas da pena, na hora de fazer a cabeça da mosca, ou mesmo colocar outro material.

Hair Stacker: sua utilização é importante para que se acerte os pêlos pela ponta, ficando assim, todos alinhados e prontos para serem atados ao anzol.

Hackle Pliers: é um tipo de pinça, utilizada para segurar a pena, tínsel, ou outros materiais, para serem enrolados em volta da haste do anzol.

Rotary Hackle Pliers: tem a mesma função do hackle plier, com a vantagem, de ter seu eixo rotativo, não deixando o material torcer sobre si mesmo no ato em que está sendo enrolado na haste do anzol.

Bobbin Threader: utilizado para facilitar a passagem da linha ou floss na ponteira do bobbin, eventualmente, pode também ser utilizado para dar o nó final na cabeça da mosca. 

Half Hitch Tool: utilizado para fazer nós nas diversas etapas de confecção da mosca. É vendido com orifícios de diversos tamanhos, dependendo sua utilização do tamanho do olho do anzol. Um outro tipo, muito comum, e que com certeza você tem aí, é o tubo da caneta bic, que é ótimo para anzóis acima de 2 ou 1.

Hair Packer: é uma ferramenta utilizada para a compactação de pelos, muito utilizado, por exemplo, no atado dos hair buggs.

Kelly: é muito utilizado para segurar materiais, moscas, e até mesmo para segurar os buggs na hora de aparar os pelos.

Dubbing Twister: muito utilizado para fazer o dubbing com loop de linha.

Hackle Gauge: utilizado para medir o tamanho das cerdas da pena, bem como anzóis. 

Pente (Fur Comb): não é nada mais do que um pente de osso, mais especificamente, um pente para bigode. Ele tem como função, a retirada do sub-pêlo quando se está utilizando, por exemplo, deer hair, bucktail.

EZ Leg Tool: Possui a função de dar nó em cerdas de penas para formar pernas.

Wing Burner: É um meio de se fazer asas e wing cases. A pena é colocada na pinça com um isqueiro, para depois se queimar as cerdas, então, ficando a pena com formato de pinça. Há 3 modelos: O Nymph Case (para se fazer o "wing case" de algumas ninfas), Mayfly wing (para se fazer asas de mayfly) e Caddisfly wing (para asas das caddis). Cada um desses tipos, possui ainda quatro tamanhos em geral.

Principais pescados do Brasil

O Brasil é privilegiado por ter uma lista imensa de peixes que os pescadores têm o prazer de pescar.

Entre eles nós temos os peixes mais famosos, como:
●     O Dourado, que é um peixe dos rios do Brasil, como também de outros países da América do Sul. Ele ocorre principalmente na Bacia do Prata, na bacia do Rio Magdalena e nos rios do Peru da bacia do rio Amazonas.
●     O Tucunaré, que é uma espécie de peixe presente nos rios da América do Sul, especialmente no Brasil.
●     A Traíra, que é um nome dado a peixes carnívoros de água doce da família Erythrinidae. Ela não tem nadadeira, e é um dos peixes mais populares do Brasil, estando em açudes, lagos, lagoas e rios.
●     A Tilápia, que é um nome dado a várias espécies de peixes pertencentes à subfamília Pseudocrocidolita. Eles são nativos da África, mas atualmente estão presentes na América do Sul e sul da América do Norte.
●     A Truta, que é um peixe com escamas e possui corpo comprimido, presente em todos os continentes.
●     O Robalo, nome que é dado há várias espécies de peixes, de água doce ou marinha, pertencentes a ordem Perciformes.
●     O Lambari, que é um nome dado a várias espécies de peixes do gênero Astyanax, da família Characidae, muito presentes em rios, lagoas, represas e córregos.
●     O Saicanga, que é um peixe piscívoro presente na América do Sul da família characin.
●     O Aruanã, que são peixes de água doce da família Osteoglossidae, e são conhecidos por língua de osso.
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